quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Rumo ao STJ: da preparação ao concurso

Normalmente todos começam o ano com um desejo, e o meu para 2008 foi passar em um concurso público para nível superior. Desde o início do ano, tentei me conscientizar de que precisava estudar. Não foi uma tarefa fácil. Dificilmente conseguia sentar e abrir um livro. Quando realizava tal proeza, era por uma só vez e logo em seguida recomeçava a luta. Faltava ânimo.

Em janeiro de 2008, entrei em um cursinho para o concurso da CGU, pois o concurso estava próximo e já poderia ir me preparando para o concurso do TCU também, já que havia muitas matérias em comum. Não fiquei nem 2 semanas e já tranquei o cursinho. Procurei estudar em casa mesmo, mas também não consegui.

O tempo passou até que, em abril de 2008, após muito refletir, concluí que precisava tomar alguma atitude, pois até então não tinha feito nada para conquistar meu objetivo. Pensei em começar estudando as matérias básicas (português, direito constitucional e direito administrativo) para, depois que estivesse no ritmo, focar em algum concurso. Comecei a me planejar. O primeiro problema que observei foi o cansaço. Estava sendo muito difícil trabalhar 8h e estudar. Isso porque até então nem havia iniciado algum cursinho. Foi quando tive a idéia maluca de pedir redução de carga horária em meu serviço. Tinha em mente estudar pela manhã, trabalhar à tarde e fazer cursinho à noite. Vi no regulamento interno que seria possível reduzir a carga para 6h/dia ou 4h/dia. O lado ruim disso seria reduzir proporcionalmente minha remuneração. Cheguei a minha casa com essa idéia e todos foram contra, justamente pelo fato de eu estar teoricamente regredindo. Reduzir e ampliar a carga são atos discricionários da chefia do departamento. Poderia ser, portanto, um caminho sem volta.

Estava decidido. Pedi redução de carga para 6h/dia. Tinha em mente que naquele momento estaria dando um passo para trás para depois dar um salto à frente. Após todos os trâmites burocráticos, em maio de 2008, consegui minha redução. O problema novamente foi conseguir focar nos estudos.

Em julho de 2008, fiz a prova de Analista e Técnico Administrativos do concurso do STF. Assim que saí da prova e cheguei a minha casa, senti-me decepcionado e muito mal. Havia perdido uma grande chance de conquistar meu objetivo. Naquele momento decidi não mais perder oportunidades. Percebi que um excelente lugar para trabalhar seria em algum órgão do Poder Judiciário, devido às inúmeras vantagens como generosos auxílios, recessos, carga horária reduzida (sem perda proporcional de remuneração! rs), muitas funções comissionadas, dentre outras. Assim, procurei outro órgão do judiciário com concurso aberto e me deparei com o STJ. A primeira coisa que fiz foi procurar um cursinho completo e organizar meus horários, pois a prova estava próxima: seria dia 28 de setembro de 2008.

Como fonte de motivação, procurei me informar sobre todas as vantagens possíveis do STJ. Descobri que lá é o único órgão do judiciário que tem a carga horária de 6h/dia regulamentada por portaria. Os turnos de trabalho são das 7h às 13h e das 13h às 19h. Nas dependências do STJ há restaurantes, academia, salão de beleza, consultório odontológico, agência dos correios, agência bancária, dentre outras facilidades. A remuneração de Analista era de R$ 6067,57, pelo edital do concurso de 17 de julho de 2008. Atualmente devido à última parcela do aumento (dezembro de 2008) acordado pela lei nº 11416/2006, a remuneração foi para R$ 6551,52. Sem contar com o auxílio-alimentação de R$ 630,00. Ah, o sindjus (sindicato dos servidores do judiciário) já tem pronta a nova proposta de aumento. A remuneração proposta é de mais de R$ 13000,00 para os analistas. No fim, acho que me motivei. rs

Tive aulas de domingo a domingo, salvo raras exceções. Todo tempo vago era aproveitado para estudar, exceto sábado à noite, tempo em que procurava me divertir. Foi um período super estressante. Planejei inclusive tirar 2 semanas de férias antes da prova para dar aquele último gás. O planejamento foi essencial. Tinha inclusive uma planilha que usava para esquematizar a matéria a ser estudada em cada dia do mês até a data da prova. Ao final de cada dia, anotava o tempo total de estudo e o que foi estudado, como forma de controle. O cursinho para mim sempre foi essencial, principalmente para dar ritmo de estudo e tirar as dúvidas. Para reforçar minha tese de que não existe regra para passar em concursos, gostaria de ressaltar que decidi, por minha conta e risco, ausentar-me de todas as aulas de Gestão de Pessoas e estudar apenas por meio de material impresso. Além disso, um dia antes da prova houve uma aula de Windows Vista, tema até então não abordado no cursinho e nunca cobrado em concursos. A chance de cair esse tópico na prova do STJ seria muito grande, mesmo assim, no dia 26 de setembro (última sexta-feira antes da prova), fiquei até de madrugada estudando uma apostila que consegui de Windows Vista e deixei o dia 27 livre para estudar o que faltava para a prova. Naquele dia, bati o recorde de tempo de estudo, que eu sempre cronometrava, estudei aproximadamente por 9h até aproximadamente 22h. Também não segui aquela teoria de relaxar um dia antes da prova. :p

No dia 28, fiz a prova de Analista pela manhã e de Técnico à tarde. A primeira coisa que fiz ao receber a prova de Analista foi olhar o tema da redação, pois era justamente isso que me amedrontava. Assim que vi que era sobre motivação (Gestão de Pessoas), abri um sorriso e respirei aliviado, afinal foi justamente a motivação que me permitiu estudar com garra. Fiz a prova com o máximo de atenção e a reli 3 vezes. Detalhe: não caiu Windows Vista. :) À tarde, um pouco cansado, fiz a prova de técnico sem qualquer pressão, já que meu foco era passar como Analista.

A ansiedade começou assim que saí da prova, pois queria saber o resultado. Dois dias depois, corrigi minha prova de Analista com o gabarito preliminar e minha nota havia sido 87,00 pontos. Minha colocação, em um ranking não oficial, era o 12º lugar . Dizem que para se ter noção da classificação real, basta multiplicar por 3 a classificação de um ranking não oficial. Acreditei, portanto, estar entre os 40 primeiros lugares. Com o gabarito oficial, após todos os recursos, minha nota subiu 6,00 pontos e foi para 93,00. Com a nota da redação (8,80 pontos) fiquei com nota final 101,80 pontos. Perceba que os recursos podem mudar tudo. Na data prevista, o resultado final não saiu no DOU. Meus dias a partir daí, foram recheados de F5 (tecla utilizada para atualizar o browser). O tempo todo eu ficava atualizando a página da banca examinadora para saber se aparecia algum link para o resultado final, até que desisti. No dia em que resolvi não pensar mais nisso, logo cedo um amigo me ligou dando os parabéns e dizendo que havia ficado em 5º lugar. A princípio não acreditei e achei ser uma brincadeira com coisa séria. Queria ver para crer. Corri para a internet e digitei meu nome em uma ferramenta de busca. Encontrei a lista de classificados que saiu no DOU. Vi minha nota, 93,00 pontos, e classificação 189º lugar. Fiquei muito triste. Logo em seguida, porém, descobri que essa era a classificação da prova de Técnico em que, coincidentemente, tirei a mesma nota. Realmente era a mais maravilhosa verdade: eu era o 5º colocado.

Agora estou aguardando minha nomeação, pois, como disse no texto "Quando serei nomeado?", apenas 3 analistas da área administrativa foram nomeados na primeira leva. A boa notícia é que na última segunda-feira, dia 9 de fevereiro, recebi uma ligação do STJ e adivinhe quem era? A chefe do setor de provimento e vacância de lá. Quase tive uma parada cardíaca. rs Eu já atendi falando: "era sua ligação que eu esperava", "você não sabe como estou feliz com essa ligação", "Seu nome é Wiviane, né??? E ainda com W, certo?". No fim, quem levou um susto foi ela. rs Já havia investigado tudo sobre o setor que me convocaria. O que o desespero não faz. :) Mas ela já começou dizendo que era para eu ter calma, pois a ligação ainda não era para me convocar, mas para saber minha formação e o que faço da vida. Ela não conseguiu me passar uma data. Não contente, liguei novamente lá e ela já havia saído, então falei com um senhor super simpático. Consegui as seguintes informações: a Wiviane havia ligado apenas para o 4º e o 5º lugares, um dos três cargos vagos devido a aposentadorias iria ser transformado e que era para ficar tranquilo que muito em breve, provavelmente até o fim de fevereiro, eu deveria ser nomeado. Ainda não quero comemorar nada, mas acho que o fim desse sofrimento se aproxima. Resta-me pacientemente esperar que meu nome apareça no DOU.

Note que o mais difícil dessa minha jornada foi conseguir focar em meu objetivo, planejar uma rotina de estudos e colocar tudo em prática com bastante determinação. Gostaria de encerrar com uma frase que sempre tenho em mente e me ajuda a abrir mão dos diversos prazeres da vida para estudar: "O seu sucesso é determinado por tudo aquilo que você está disposto a ignorar." Mike Murdock.

12 comentários:

KAKAW disse...

Amigo,
muito obrigado pelo belo texto,
realmente muito inspirador,
mas me conte
vc trabalha no BC e agora vai pro STJ?
tudo de bom nessa nova vida

sincero abraco

BR

Anônimo disse...

Notei que vc falou que por duas vezes em 2008, recorreu a cursinhos ( "A primeira coisa que fiz foi procurar um cursinho completo e organizar meus horários)
Isso foi fator determinante em sua aprovação?

No meu caso, aqui no interior, recorro a intenet 24 horas por dia, como forma de compensar. Aulas em DVD, via satélite, de sites, seja que forma for, mas não disponho do recurso acima. Por várias vezes já ultrapassei essa barreira, estudando sozinho, para bancos e passei mais bem colocado que muito colega de cursindo da capital, mas agra, com a globalização da informação, e o aumento de cursinhos preparatóros, receio que não surta efeito meu preparo em casa.

vou fazer ANATEL em março, pra me situar, pois estou a 3 anos em ver uma prova "olho no olho" e o objetivo final é BACEN.

Qual cursinho v frequentou? Acrdita que valeu a pena? E tem outros exemplos de colegas que estvam com vc lá e passaram pro STJ ou vc fez a diferença?

Obrigado pelas dicas, vc é 10!!

Roger

Marcelo Hirosse disse...

BR, não há o que agradecer. Sim, atualmente sou técnico do Bacen e fui aprovado para analista do STJ. Tudo de bom para todos nós.

Roger, não sei dizer se o cursinho tenha sido determinante para minha aprovação. Gosto de fazer para ter ritmo de estudo e tirar as dúvidas. Talvez nesse ponto ele tenha ajudado. A matéria em si, eu normalmente aprendo sozinho, enfiando a cara nos livros. Citei algo sobre o que fiz no texto "Resumo da minha trajetória de concurseiro". Nenhum colega que fez cursinho comigo conseguiu ser aprovado. Portanto não creio que seja algo essencial. Tinha amigos estudando também e nenhum passou. Apenas um que ficou muito bem colocado, mas reprovou na redação. Obrigado pelo elogio.

Abraços

Anônimo disse...

Parabens pela garra e determinaçao. Adorei o texto, meu amigo!!! beijo grande... carol

Marcelo Hirosse disse...

Carol, obrigado pelos parabéns.
Abraços

Anônimo disse...

Olá Marcelo!
Gostei muito do seu blog e acho muito bacana essa sua iniciativa de nos contar sua trajetória pelos concursos públicos.
Meus parabens pela suas aprovações! =)

Sua história serviu de inspiração para correr atrás de um emprego na área publica devido a todas as vantagens.

Vou começar a trilhar pelo caminho dos concursos publicos esse ano.

Alguma diquinha rápida para marinheiro de primeira viagem? hehehe

Estarei sempre acompanhando aqui em busca de informações e quem sabe um dia, eu possa contribuir para ajudar as pessoas da mesma forma que a sua!

Um grande abraço!

Anônimo disse...

Parabénss Marceloo!

Venho Acompanhando seu blog e você tem se mostrado muito dedidado em sua vida profissional! Tudo de bom para você!! e Rumo ao STJ!! ...ja fui em uma audiência la muito bom mesmo o ambiente!! Boa sorte para vc!! Quando tomar posse deixe seus comentários!

Tenho um blog também, ele é recente da uma força lá!

Um abraço

Marcelo Hirosse disse...

Rodrigo, obrigado pelos parabéns. Que bom que levei a motivação à você, espero que agora comece a trilhar esse maravilhoso caminho. Dicas? Já leu todos os textos que postei? Já é um bom começo.

Tiago, obrigado pelos parabéns. Tudo de bom para todos nós, né? Pode deixar que assim que for nomeado, todos por aqui irão saber. rs

Abraços

Anônimo disse...

Valeu Marcelo, tem muita gente que tá dando o maior 10 pra esse blog, ele é demais mesmo. Excelente inicitativa a sua. Faz com que agente se sinta bem em saber que não estamos sós e que o rumo é certo.

No seu texto sobre o STJ, vc diz que estava difícil estudar e trabalhar 8 h/d. Sei o que é isso. Sou bancário e vc como concurseiro deve saber que não é fácil, ainda mais quando é um banco comercial. Ainda por cima, leciono à noite para complemntar a renda.

Nesses meses tá fácil, mas depois do carnaval....

Mas creio (e aqui vai minha dica para outros colegas concurseiros) que todos nós temos as mesmas 24 h por dia (trabalhar/lazer/dormir) a diferença está justamente no que fazemos com as 8 h do meio, certo?

No meu caso, já reduzi minha jornada de 8 h para 6 h, perdendo as Horas Extras, mas ganhando tempo para me dedicar ao estudo. E, estou "guardando" 1 mês e férias compulsórias (até setembro) para o mês que anteceder o concurso do BC (espero que seja por ai).

Obrigado pelas dicas finais acima. Agora me sinto mais motivado ainda, pois percebo o quanto vc conquistou com esforço prórprio.

É amigo, parece que todo concurseiro pensa parecido. O que flatava era agente se comunicar mais.....cm seu blog, agora não falta mais!!!

By

Roger

Marcelo Hirosse disse...

Roger, realmente todos tem seus afazeres no dia-a-dia. O que difere uma pessoa da outra é justamente o modo de administrar o tempo. Que bom que meu blog está servindo também como um meio de comunicação.
Abraços

Anônimo disse...

OI.
Gostaria de perguntar quantos caras da área de informática eles ainda vão chamar.
Pergunta lá pra eles.

Alfredo

Marcelo Hirosse disse...

Alfredo, eles não têm muita informação sobre isso. Não há como estimar quantos serão chamados. Depende da criação de novas vagas ou de vacâncias. Mas sei que eles estão chamando o pessoal de informática para auxiliarem na tarefa de digitalizar os processos.
Abraços