Redação do concurso do STJ/2008

TEMA:
Notadamente, o capital humano das organizações tem sido apontado como diferencial de competitividade. Para engajar-se nos projetos organizacionais, o capital humano necessita estar motivado para o trabalho. Nesse sentido, tendo em vista teorias sobre motivação reconhecidas na literatura da área administrativa, redija uma proposta de plano de ação para preservar a motivação dos colaboradores de uma organização pública. Em seu texto, aponte a teoria a que se refere cada aspecto desse plano e indique os atores envolvidos.

ANÁLISE DO TEMA:
"tendo em vista TEORIAS SOBRE MOTIVAÇÃO": Aqui identifiquei que se tratava do tópico Gestão de Pessoas, assunto Motivação. Além disso, foi pedida a análise de mais de uma teoria, visto que a palavra "teorias" está no plural.
"redija uma proposta de PLANO DE AÇÃO para preservar a motivação dos colaboradores de uma ORGANIZAÇÃO PÚBLICA": A proposta da redação é que se faça um "plano de ação" direcionado à "organização pública".
"APONTE A TEORIA a que se refere cada aspecto desse plano e indique os ATORES envolvidos": Novamente pode-se concluir que é pedida mais de uma teoria, pois foi solicitado apontar a teoria (há portanto mais que uma) referente a cada aspecto citado. Muita gente confundiu a palavra "atores" com "autores" e citou as teorias indicando os respectivos autores. Porém o pedido foi uma análise de cada aspecto com base na teoria sugerida e as pessoas envolvidas nessa proposta (os tais atores).

ESTRATÉGIA:
A primeira idéia que tive foi listar as teorias sobre motivação que eu lembrava e escrever um resumo sobre cada uma. Pensei que duas teorias seria muito pouco para fazer uma comparação e estruturar um plano de ação e que quatro seria algo exagerado também porque tinha de fazer tudo em no máximo 30 linhas. Então escolhi as teorias que mais conhecia e comecei a redigir o texto sempre pensando em como aplicá-las em uma organização pública. Procurei escrever as 30 linhas, pois quanto mais linhas escritas menos se perde por cada erro de português.

MINHA REDAÇÃO:
Na atual concepção das organizações, o capital humano não é mais visto apenas como um recurso: é tratado como um diferencial de competitividade. Para que ele seja utilizado da forma mais otimizada possível, torna-se necessário alinhar as competências individuais dos colaboradores com as competências organizacionais e, para isso, é de grande importância a elaboração de um plano de ação que vise a motivar seus funcionários.

A motivação relaciona-se diretamente com o grau de entrega dos colaboradores. Assim, a ela deve ser dada maior importância pelas organizações públicas. Com base na teoria ERC, a estrutura organizacional é fundamental para que as necessidades existenciais sejam atendidas. O clima e a cultura organizacionais devem possibilitar que as necessidades de relacionamento sejam suprimidas, permitindo que as necessidades de crescimento possam ser alcançadas. A alta cúpula da organização deve, portanto, ser concientizada, assim como seu corpo funcional, de que possa ser necessário modificar a atual cultura, por meio da alteração de normas internas ou o incentivo a eventos de socialização. Essas ações vão ao encontro da teoria bifatorial, já que os fatores higiênicos (exteriores) se atendidos possibilitam a não insatisfação e a não desmotivação de seus funcionários de forma a favorecer o desenvolvimento dos fatores motivacionais (interiores).

Além disso, segundo a teoria da eqüidade, é fundamental que permeie o sentimento de justiça e reconhecimento das entregas feitas pelos colaboradores. Se a organização passar a estimular certas atitudes, por intermédio de, por exemplo, gratificações e conseguir tratar os iguais com igualdade e os desiguais com desigualdade, a probabilidade de que os colaboradores se motivem ou se mantenham motivados é bastante alta.

Pode-se, portanto, perceber que a mudança no espaço ocupacional não é uma tarefa fácil, mas possível desde que todos se concientizem de que é necessário manter e obter as entregas dos colaboradores por meio da motivação para se atingir um diferencial estratégico. Essa visão deve ser compartilhada principalmente pela alta cúpula da organização.

CORREÇÃO:
Esses foram os quesitos avaliados:

Aspectos Macroestruturais:
1. Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação) (0,00 a 1,00) NOTA: 1,00
2. Desenvolvimento do tema
2.1. Utilização de, no mínimo, três teorias de motivação, indicando-as (0,00 a 2,50) NOTA: 2,00
2.2. Adequação da aplicação das teorias (0,00 a 4,00) NOTA: 4,00
2.3. Indicação dos gestores no processo motivacional (0,00 a 2,50) NOTA 2,00

Aspectos Microestruturais:
Grafia/Acentuação: 1 erro
Morfossintaxe: 2 erros
Propriedade vocabular: 0 erros

Resultado:
Nota de conteúdo: 9,00
Número total de linhas efetivamente escritas: 30
Número de erros: 3
NOTA FINAL NA DISCURSIVA: 8,80

ANÁLISE FINAL:
Muita gente se surpreendeu com a atribuição de 0,00 a 2,50 pontos para quem utilizou três teorias. Esse foi realmente um erro da banca examinadora, pois não foram claramente pedidas 3 teorias. Poder-se-ia concluir que o tema sugeriu que fossem citadas mais que uma, sendo que 2 já estariam suficientes. Porém apenas um recurso foi aceito. Algumas pessoas entraram com Mandado de Segurança, porém como já se tornou jurisprudência do STF, o judiciário não julga o mérito dos critérios de correção da banca examinadora. Infelizmente enquanto não houver um órgão de controle dos concursos públicos, todos nós estamos sujeitos a isso e o que nos resta é continuar a luta.
Não sou a favor do novo modelo de redação que vem sendo pedido, em que o que mais vale é o desenvolvimento de um determinado assunto e não tanto o português em si. Um candidato que se preparou com dedicação e estudou 98% da matéria pode ser desclassificado, caso o tema da redação esteja nesses 2% restantes.


Coloquei toda a análise da minha redação e espero ter ajudado os concursandos traumatizados com essa parte da prova, normalmente eliminatória.